Uma saga em 20 km de fronteira, perseguição em Israel  

Posted by carlos in

Muito bem, depois dos dois últimos posts sobre história, hora de conhecer o Egito! Primeira parada: Dahab, no sudeste da Península do Sinai. Sem antes outra trivial demonstração da mentalidade Israelense (aqui também!?). E a nuvem negra que ganhei em Jerusalém não parava de me seguir.

Para ir de Petra ao Egito é preciso pegar um ônibus até a cidade de Aqaba, ainda na Jordânia, que fica na esquina de terra onde se inicia o Golfo de Aqaba que, junto com o Golfo de Suez, delineiam a Península do Sinai. Em Aqaba o plano inicial era pegar um barco que fazia a travessia daquele Golfo até terras Egípcias, dessa forma evitando pisar em Israel de novo dar mais de meu dinheiro a esse estado doente. Mas fiquei sabendo que tal barco era super incerto, sem horários confiáveis, nada garantido; e só me restavam poucos dias antes do vôo de retorno.

Acabei me convencendo a mudar de idéia, e o único caminho por terra era cruzar os 20 km Israelenses que ficam à margem do Golfo de Aqaba passando-se por sua única cidade, Eilat. Como eu já havia entrado em Israel antes, pensei que os trâmites na fronteira dessa vez seriam simples; na primeira entrada, eu até que estava meio receoso por haver uma 'carta-protesto' que eu escrevi em 2006 após a selvageria covarde Israelense no Líbano e que enviei para zilhões de emails, e que acabou saindo em dado site Árabe (sem contar a estampa Síria em meu passaporte). Como foi tudo normal daquela vez, não deveria haver problema agora, e peguei assim uma lotação de Aqaba até a fronteira de Israel.

Dessa vez porém, e mesmo após eu ter dito que só iria cruzar os míseros 20 km da costa do país sem nem mesmo pernoitar em Israel, a bela garota do exército, depois de me fazer esperar um longo tempo enquanto consultava alguem ao telefone, retornou perguntando-me se por acaso eu era escritor... ; respondi que não, mas que gostava de escrever textos e enviá-los mundo afora quando via situações inaceitáveis que mereciam meu interesse (além de gostar de expressar minha opinião como enfaticamente o fiz nos posts de Israel e Palestina neste blog). Ela voltou ao telefone e me pediu para sair. Algumas horas depois, a beldade de farda me chama de volta, devolve o passaporte e diz que eu tinha 24 horas para deixar o país.

Entendi o recado. Paguei àquele Estado fascista mais uma vez, e ainda tive que pagar um táxi da fronteira até a rodoviária de Eilat, onde pegaria um ônibus até a fronteira Egípcia, para lá pegar outro a Dahab. Mas eis que, muito coincidentemente, enquanto estava eu à espera na rodoviária, vejo a beldade de farda pelo saguão, que aliás percebeu quando eu a reconheci. Pensei comigo: é mesmo impressionante como essas coincidências acontecem, estarmos assim no mesmo lugar de novo. Mas adoraria saber o que teria acontecido se eu não tivesse pego aquele ônibus... .

Quanta coisa pode acontecer em 20 km por esse lados. Ao tentar entrar no Egito, me disseram que a taxa do visto era muito mais cara ali (para quem tira no aeroporto é barato), e eu ainda teria que pagar uma segunda taxa se eu fosse sair da área do Sinai, por ser aquela uma zona especial. Fiquei com a quase certeza que os caras estavam querendo me extorquir, mas voltar a Israel é que não podia. Paguei a fortuna. Como o trâmite em Israel demorou muito, já não havia mais gente cruzando a fronteira para ocupar as lotações saindo da fronteira. Fui obrigado a pagar outra fortuna e ir sozinho numa lotação até Dahab.

Perdi o dia inteiro, paguei uma fortuna a Israel, ao Egito, e à lotação. Minha nuvem negra era mesmo poderosa. Por que cargas d'água eu não peguei o maldito barco? Mas vamos a Dahab então, tentar se 'lavar' nas águas do Mar Vermelho.

This entry was posted on segunda-feira, agosto 16, 2010 at 6:32 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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