Luxor, os eternos monumentos do Novo Reino do Egito  

Posted by carlos in

Depois da decisão errada de trajeto mencionada no post anterior, cheguei a Luxor. Para confirmar que minha nuvem negra se apaixonara de vez por mim. O albergue que tinha em mente estava lotado, e fui parar neste hotel mais barato. O lugar era normal, mas o quarto em que fiquei era ao lado de uma ruela super barulhenta, impossível de dormir antes da 1 am, e às 5 am tocavam os autofalantes com as preces Islâmicas do nascer do Sol, que aliás ficavam na mesma ruela.

Mas o pior foi que devo ter pego uma insolação em Dahab por ter ficado muito tempo morcegando ao sol. E talvez pego o mal-estar que assola muitos dos turistas pelo calor insuportável de Luxor. E isso por que era inverno; não quero nem imaginar o que é aquela cidade e o país no verão. Fiquei mal mesmo, a cabeça doía sem parar por todos os dias que lá fiquei, e o corpo estava um caco; não conseguia dormir, embora fosse à farmácia me dopar de remédios. Mas o dia de meu vôo se aproximava, eu tinha que levar a situação de qualquer forma para tentar aproveitar o mínimo.

Luxor, surgida às margens do Nilo e ao redor do sítio da antiga Tebas capital do Egito Superior e do Novo Reino (veja os posts introdutórios do Egito), hoje tem cerca de 500 mil habitantes. Não seria exagero dizer que se trata do maior museu a céu aberto do planeta. Tebas era a cidade dedicada ao deus-sol encorporado no faraó, Amon-Ra, sua esposa Mut e o filho Montu. Do lado ocidental do Nilo fica a Necrópolis, com o Vale dos Reis além do Vale das Rainhas e de Deir el-Medina (a vila dos trabalhadores); no Vale dos Reis foi descoberto quase intacto em 1922 a tumba de Tutancamon, cujas relíquias haviam percorrido o mundo e felizmente estavam em exposição no Museu do Cairo à época. Do lado oriental ficam os soberbos Templos de Karnak e Luxor, que distam poucos quilômetros entre si; no festival de Opet uma estátua de Amon descia o rio de Karnak a Luxor, onde se juntava a uma estátua de Mut, celebrando as cheias e a fertilidade do Nilo.

A maior parte da cidade de hoje fica no lado oriental do rio, inclusive rodoviária, ferroviária, e o hotel em que fiquei. Não é dificil se locomover aos Templos por conta própria. Porém, para ir à Necrópolis no lado ocidental é mais complicado; pode-se cruzar o Nilo com as balsas públicas a partir de algum dos Templos que ficam à sua margem, porém do outro lado seria preciso contratar um taxi até o Vale dos Reis se se quiser conhecer outros dos principais monumentos, que são mais espalhados. Quase inevitavelmente é preciso pegar uma das infinitas tours que têm um certo roteiro programado; umas cinco tumbas pelo Vale e outros Templos mais espalhados.

No primeiro album, fotos da tour que peguei pelo lado ocidental. Lembro que estava hiper-mal, os outros caras da tour hora ou outra perguntavam se eu estava bem e tal. Mal conseguia caminhar pelas tumbas; fotos não eram permitidas em seus interiores, infelizmente. As fotos cobrem o Colosso de Memnon (ruínas do Templo de Amenhotep III), o obrigatório Templo de Hatshepsut encravado na montanha rochosa, além de fotos avulsas entre o Vale dos Reis e o Vale das Rainhas; no retorno, tomamos uma balsa para a travessia do Nilo.



Nesse segundo album o foco é o lado oriental, com fotos apenas do Templo de Luxor. Como minha nuvem era das boas, quando fui ao Templo de Karnak pouco mais ao norte a bateria da câmera arriou, e eu ainda estava tão mal que apenas dei uma olhadela rápida e fui embora; o corpo inteiro latejava. Eu deveria ter invertido a ordem, pois Karnak é maior além de ter os recintos específicos de cada ente da trindade Amon-Mut-Montu, o de Amon obviamente dominando; as imagens da mitologia Egípcia, principalmente Osíris, Ísis, Horus, Anubis e Hathor, são uma constante em ambos os Templos.



Mas teve algo que me deixou chateado na atual Luxor. Indo além de uma ou duas ruas principais a cidade é paupérrima (inclusive na área do hotel); passa aquela sensação de o lugar não ter sequer governo. Isso deveria ser inadmissível dada a FORTUNA que se arrecada nos sítios arqueológicos. Eu realmente gostaria de saber para onde vai todo aquele dinheiro.

Se isso não bastasse, o próprio guia da tour do primeiro album comentou o fato que descobriu-se recentemente outro vasto sítio com inúmeras tumbas, sobre o qual várias casas existem; o governo havia dado um limite de tempo para que as famílias se mudassem por conta própria (sem fornecer outras casas) mas elas se negaram a sair, e o governo já vinha ameaçando simplesmente demolir as casas de uma vez. Afinal, deixando a ingenuidade de lado, aqueles sítios valem uma fortuna não apenas do ponto de vista arqueológico.

Eu tinha em mente ir mais ao sul, até Aswam, ver as maravilhas dos Templos de Abu Simbel de Ramsés II. Mas o tempo estava realmente curto, ainda havia Giza e Cairo, e o jeito foi cortar Aswam do roteiro; o mesmo tive que fazer com Alexandria do outro lado do país. Inacreditavelmente, quando cheguei a Cairo, minha saúde estava plenamente refeita. Mas antes de Cairo, vamos a Giza no próximo post.

This entry was posted on segunda-feira, agosto 16, 2010 at 11:15 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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