Palestina, ocupação e Apartheid do fascista Estado Israelense, parte I  

Posted by carlos in ,

Em Tel Aviv fiquei sabendo da Casa da Paz desse fantástico ser humano, Ibrahim, que ficava no Monte das Oliveiras em Jerusalém Oriental; ele mantém a Casa com base em doações dos hóspedes e prepara enormes refeições para os mesmos. Pois lá fui eu, e prontamente me indicaram sua Casa quando cheguei naquele Monte, que aliás fica próxima a um dos checking points Israelenses e do fascista Muro da Separação que esse estado Terrorista construiu. Ibrahim faz parte de um grupo, está aqui o site, que tenta promover o reconciliamento de Judeus e Palestinos.

Vale lembrar que Israel unilateralmente unificou em 1980 as partes oriental e ocidental de Jerusalém e considera a cidade unificada sua capital, enquanto os Palestinos querem a parte oriental como a capital de um futuro Estado; sem falar no status do quilômetro quadrado da antiga cidade murada, embora a comunidade internacional reconheça Tel Aviv como capital de Israel. O dinheiro do país, a fortuna que Israel recebia anualmente dos EUA e as volumosas doações de Judeus e simpatizantes mundo afora à causa Sionista foram muito bem empregados, sem dúvida construindo uma bela nação ao seu povo. Pena que se esqueceram de investir também do 'outro lado do mundo', cuja infraestrutura é imensamente mais precária; afinal, se Israel ocupa e considera toda Jerusalém como sua capital eu suporia que o dinheiro devesse ser investido por toda parte, sem propositalmente negligenciar bairros de maioria Árabe.

Além dessa degradação material, há também a moral. É impossível não ficar chocado com o policiamento ostensivo pelas ruas da cidade antiga, sem falar dos checking points desse ultra-militarizado Estado. Detalhe: o serviço militar é obrigatório para mulheres também; a cada momento você tromba com lindas garotas e rapazes carregando suas metralhadoras e fuzis automáticos, todos muito simpáticos com turistas. Certo dia me deparei com a situação que um Palestino deva ter que engolir diariamente: três jovens soldados e seus fuzis começaram a implicar com um cara em uma ruela mais afastada no setor Islâmico da cidade murada. Eu diminuí o passo. Os soldados puxaram o Árabe para outra ruela numa esquina, eu virei a esquina como quem nem sabe o que se passa. Esperei um pouco e retornei. O cara já estava pressionado na parede, com os soldados chutando suas pernas para que ele as abrisse a alguma revista enquanto falavam algo em tom jocoso entre si; pouco acima, umas crianças Árabes vendo toda a cena, aprendendo bem a lição (ou talvez aumentando o ódio a explodir quando crescerem).

E eu fui embora, não tive peito de ficar ali. Até penso que não devam ter feito nada de mais grave ao Árabe, mas essa humilhação moral cotidiana é o pior, essa forma covarde de manter uma etnia subjugada, frustada e sem poder reagir. Afinal, quando reagem aprendemos na grande mídia que não passam de terroristas e a desculpa perfeita para justificar ainda mais opressão. Pior que ser o 'povo escolhido' é sê-lo com fuzis nas mãos de garotas e garotos. E os adultos os treinando em alguns de seus locais sagrados, se foi o que eu vi direito certo dia. Israel é um estado doente. Mas é necessário dizer que também há muitos Israelenses, dentro e fora do país, que se sentem envergonhados com seu governo fascista e com o fundamentalismo-fanatismo Sionista, como provavelmente se sentiriam muitas das vítimas do Holocausto.

O conflito religioso é apenas fachada. Tudo não passa de uma elementar estratégia de conquista até que nem mais se justifique a criação de um Estado Palestino: ocupação, colonização, aumento demográfico, opressão, e assimilação; quem quiser ficar que fique e obedeça a quem domina, quem não quiser que vá embora e se torne outro refugiado. Sempre que preciso há o segundo exército mais poderoso do planeta para resolver qualquer problema. Palestinos são quase cidadãos de segunda categoria em Israel, e quase inevitavelmente recebem um salário menor do que o de um Judeu na mesma profissão.

Vale lembrar que a cidadania Israelense foi autorizada apenas aos Árabes que não fugiram nem foram expulsos em 1967, os quais não possuem qualquer direito de retornar à própria terra; os que ficaram, a minoria, podem requerer a cidadania desde que sirvam ao Exército, jurem lealdade a Israel e se recusem a qualquer outra nacionalidade. Nem precisa dizer qual a intenção por trás disso, e é obvio que a maioria dos Palestinos que até podem não requerem a cidadania do invasor; estes possuem uma carteira de identidade que os possibilita receber a graça divina de cruzar os checking points. E pensar que há pouco mais de 60 anos esse mesmo povo Judeu sofreu a pior calamidade da história; hoje a pratica.

(continua...)

This entry was posted on domingo, agosto 15, 2010 at 2:32 AM and is filed under , . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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