Albânia, ou Shqiperi no idioma nativo, é um dos países mais homogêneos e mais pobres da Europa, com 98% de seus 3.5 milhões de habitantes sendo Albaneses étnicos; até pouco mais de uma década era o país mais fechado da Europa, graças a ditadura de Hoxha que durou 40 anos. Tudo o que visse por lá seria uma completa novidade, ao menos para mim. Mas independente deste recente isolamento, o país é todo peculiar. Vizinha dos demais países balcânicos, sua origem não deriva das tribos Eslavas que povoaram o sul europeu, como ocorre em todas as ex-repúblicas Iugoslavas. Pelo contrário, os atuais Albaneses, assim como Finlandeses e Húngaros, falam um idioma totalmente exclusivo, e são descendentes dos povoados Ilírios que habitavam os Balcans e das colônias gregas ao sul, antes da chegada dos Romanos; um mapa de Ptolomeu, de 150 DC, mostra a cidade de Albanópolis (próxima da atual Durres), habitada pela tribo Albani.
Como o resto da península, as terras da atual Albânia passaram ao controle do império Bizantino no ano 395; os Eslavos chegaram no século VI, com os Sérvios mais tarde tomando controle do norte e de Kosovo, além de Venezianos em seu apogeu dominando o litoral; os Otomanos chegaram aos Balcans no século XIV e conquistaram toda Albânia em 1478, começando sua Islamização. Seu domínio durou até 1912; em seu transcorrer, o assimilamento Albanês foi pleno; o território era estratégico para a manutenção do império Otomano nos Balcans, tanto que 42 de seus gran-vizirs foram de origem Albanesa. O único momento de independência Albanesa até então se deu entre 1443 e 1478, quando um exército liderado por Skanderbeg foi capaz de derrotar os Otomanos em seus diversos cercos ao Castelo de Kruje; Skanderbeg morreu em 1468, e hoje está imortalizado como o herói nacional.
Em fins de 1912, a Albânia se declara independente, e é prontamente atacada por Sérvia, Grécia e Bulgária, ávidos por aumentar seus territórios com o esfacelamento Otomano. As fronteiras atuais foram delineadas pelos Austro-Húngaros em 1913, que deixaram significante parte da população fora da atual Albânia, principalmente na Macedônia e na Sérvia, que havia anexado Kosovo. Já na segunda guerra, Itália e depois Alemanha invadiram e tomaram o país, que foi então liberado pelos comunistas em fins de 1944. Foi quando Hoxha, líder do partido, tomou o poder, deixando-o apenas em sua morte, em 1985.
Diferente da Iugoslávia, que sob Tito criou seu próprio regime e não se alinhou com os Russos, Hoxha prontamente se aliou aos Soviéticos e assim ficou até 1960, com a ascenção de Khrushchev; muito provavelmente aliás, embora não uma nação de Eslavos do Sul, Hoxha teria aceitado que a Albânia se integrasse à Iugoslávia tivesse Tito comprado a briga com os Sérvios e devolvido Kosovo à Albânia. Procurou em seguida ajuda Chinesa, e a teve até 1978, ano da chegada de Deng Xiaoping ao poder. Com o fim da ajuda externa, e com a queda do muro de Berlim mais tarde, uma certa liberalização começou; mas ela levou rapidamente esse país de ainda grande população agrícola (60 % da força de trabalho) ao caos, com escândalos de pirâmides financeiras e elevada corrupção anos 90 adentro. O quadro também se agravou com a chegada de refugiados da agressão Sérvia a Kosovo, parecendo pouco mais estável agora que a Albânia começa a se reintegrar ao resto do continente.
Embora Hoxha tenha proibido cultos religiosos moldando um país oficialmente ateu, os séculos anteriores de Islamismo não se apagariam em duas gerações: estima-se que hoje Muçulmanos sejam 80 % e o restante cristãos (ortodoxos e católicos). Por outro lado, nos anos Hoxha, houve profundas melhoras no sistema público de saúde, reforma agrária, e o analfabetismo caiu de 85 % para menos de 5 %, com a taxa feminina sendo a mesma que a masculina, fato que não ocorre em determinados países Islâmicos.
Em solo Albanês, pensava em visitar apenas a capital Tirana e suas imediações. É o que relata o próximo post, desde a saída de Montenegro até a partida à Macedônia.
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on quarta-feira, julho 21, 2010
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27_Albânia_1_Tirana
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Este blog é um rascunho de viagem, mochila-albergue-trem, de 7 meses pelo Velho Mundo cruzando 42 países, iniciada em Lisboa em Julho/2009 e terminada em Cairo em Fevereiro/2010. Cada cidade visitada possui ao menos um post com um album de fotos e algumas histórias, além de um pouco de História de vez em quando.
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