O lado moderno de Atenas e os distúrbios Gregos da atualidade  

Posted by carlos in

Nos dias seguintes, pus-me a conhecer a metrópole em si. Por uma dessas coincidências, estava em Atenas no começo de dezembro, quando se completava um ano do assassinato de um estudante por um policial no bairro Exarcheia, o qual havia desencadeado gigantescos distúrbios país afora.

Comecei a perambular pelas ruas do centro antigo, nos arredores da Acrópolis opostos aos que terminei o dia anterior, onde fica o imperdível novo Museu Arqueológico da Acrópolis, inaugurado em 2009, ele próprio construído sobre ruínas romanas e bizantinas expostas à sua entrada. Já próximo do centro administrativo, fui visitar a área do Zappeion, construído para os jogos olímpicos de 1896 realizados ao lado no estádio Panathenaic; inicialmente erigido no século VI AC, foi reconstruído em 329 AC e em 140 DC, voltando das ruínas para as olimpíadas de 1896. Cruzando os Jardins Nacionais chega-se a praça central Syntagma, local das principais manifestações políticas, onde fica o Parlamento Helênico. Pouco acima a inconfundível e belíssima trilogia neoclássica dos anos da independência, 1830: Academia Nacional, Biblioteca Nacional e Universidade Nacional. Não longe fica o bairro Exarcheia, que abriga a Universidade Técnica Nacional (1836) e o Museu Arqueológico Nacional (1829).

Foi enquanto passeava calmamente pela área que me deparei com enormes distúrbios pelas ruas, milhares de jovens e adolescentes marchando, centenas de policiais se movimentando, helicópteros, muitos estilhaços e quebra-quebra. Obviamente fui seguindo tudo, meio apoiador, meio turista. A coisa estava realmente pesada, as ruas centrais foram completamente esvaziadas, e a situação perdurou por alguns dias. Foi só assim que fiquei sabendo o que escrevi no primeiro parágrafo, ao vivo e à cores. Resumindo: o bairro Exarcheia é um grande reduto ´anarco-socialista`, morada de muitos estudantes e intelectuais; foi da sua Politécnica que surgiu o levante de 1974 contra a ditadura (1967-1974), quando 21 pessoas foram mortas pela polícia; em dezembro de 2008, a morte de um estande por um policial nesse bairro fez explodir violentos protestos país afora. Estava claro que os enormes distúrbios que presenciara não eram ´apenas` pela morte de um estudante, mas sim já um sinal dos problemas econômicos que têm assolado o país em 2010, manifestado por uma juventude ativa e frustada com os rumos de sua nação.

Mas o tempo não perdoa, e eu precisava seguir meu rumo. Continuei ao bairro Kolonaki, forrado de bares, boates e restaurantes; mas fui até lá poque é de lá que se sobe o Monte Lycabettus, uma colina oposta à da Acrópolis, parada e subida obrigatórias por sua bela visão panorâmica dos arredores e da visão privilegiada da Acrópolis. Depois fui visitar distritos mais distantes, principalmente na costa Ática. Há um tram que se movimenta de norte a sul pela costa, super prático. Comecei por Piraeus, ao norte, maior porto de passageiros da Europa e terceiro do mundo, usado desde o Período Clássico; de lá vim ao sul parando em estações e praias do caminho, assim como nos estádios Peace and Friendship e Karaiskakis, até chegar ao final em Voulas. Conheci também, no bairro Marousi, o soberbo complexo olímpico dos jogos de 2004, quando já era noite.

O album a seguir mostra todo o descrito acima em alguns dias de exploração.



Chegavam ao fim meus dias em Atenas. Sempre é curto, mas deu para conhecer bastante coisa, da herança de seu esplendor de outrora até um pouco de seu lado mais moderno e a costa; e um pouco dos distúrbios de sua juventude hiper-ativa. O arrependimento mesmo foi não ter ido visitar nenhuma das ilhas Gregas pelo Egeu. De Atenas, de alguma forma, a próxima parada seria Istambul!

This entry was posted on quarta-feira, julho 28, 2010 at 9:31 AM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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