Turquia, seu embrião nos impérios Gokturk e Seljuk  

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Pois é, depois do esplendor e riqueza de Viena, herança dos Habsburgos e de seu império Austro-Húngaro que delinearam a Europa ocidental; depois de Roma e Atenas, a cultura Helenista e o império Católico que pariram o Ocidente; depois de Sarajevo e todo Balcans, majoritariamente Ortodoxo e com forte presença Islâmica; depois de já ter cruzado 30 países toda a Europa, era chegada a hora de mergulhar por completo no Oriente Islâmico: Turquia, onde o Estreito de Bósforo separa Europa e Ásia, e onde se localiza a capital dos antigos impérios Bizantino e Otomano e da hoje secular Turquia, a cidade de Bizâncio-Constantinopla-Istambul, a partir de onde o Islamismo invadiu a Europa em 1453 com a queda de Constantinopla (maiores detalhes do defunto Império Bizantino se encontram em posts da Grécia e dos Balcans). Antes do turismo, vou gastar dois posts para pegar o fio da meada, e tentar entender como esse país e sua capital, onde se tem a impressão de termos entrado em outro planeta, veio a ser o que é. Impossível falar de Turquia sem antes falar do império Otomano que lhe deu origem, de como ele surgiu em 1299 e terminou após a primeira guerra mundial em 1923.

A palavra Turco não designa apenas os moradores da Turquia, mas se aplica a toda uma etnia de tribos nômades que na Antiguidade migrou da Ásia Central rumo ao Oeste; outros países da Ásia Central também tem raízes Turcas. Tido como o embrião da nação Turca, o império Gokturk (552-747) se estabeleceu do mar Aral até a China após o colapso da parte Asiática do império Huno; seu líder Kan Bumin era do clã Ashina. No começo dos anos 600, uma guerra civil opôs tribos e dividiu Gokturk em partes Oriental e Ocidental. A parte oriental tentou várias invasões à China, e acabou sucumbindo. A parte ocidental chegou a se aliar aos Bizantinos contra os Persas, e sucumbiu após o contato com kanatos de outras etnias (Bulgars, Khazars) e revoltas internas (Uighurs); várias tribos Gokturk continuaram sua migração pela Ásia Menor, dentre elas os Oghuz, cuja confedereção se localizava às fronteiras do mundo Muçulmano. No século X um clã Oghuz, os Kinik, migrou para a Pérsia e assimilou sua cultura e Islamismo (a Pérsia já estava sob domínio Árabe à época). Após algumas décadas a dinastia Kinik dominante, os Seljuk, foi capaz de unir a parte mais oriental do mundo islâmico, de onde emergiu o Império Seljuk (1037-1194) fundado por Tugrul Beg, que chegou a se estender até conquistar a Anatólia em 1071, na atual Turquia e então parte do império Bizantino.

Antes dos Seljuk, a Anatólia já havia sido morada dos Hititas (séculos XVIII-XIII AC), depois Assírios, Babilônios, Frígios; paralelamente, desde o século XII AC colônias Gregas proliferaram por sua costa, como Éfeso, Izmir, Bizâncio. Os Persas a conquistaram no século VI AC; depois foi a vez dos Macedônios e Alexandre o Grande a conquistou em 334 AC, dividindo-a em menores reinados como a Capadócia, no centro; veio por fim a ser anexada pelo império Romano no século I AC. O imperador Constantino em 330 tornou Bizâncio a nova capital de Roma, que a partir de 395 viria a se tornar a capital de Roma Oriental (império Bizantino) após a divisão do império em Roma Oriental e Roma Ocidental; os Bizantinos viriam a controlar boa parte da Anatólia até o século X. Bizâncio foi renomeada para Constantinopla após a morte de Constantino.

Voltando aos Seljuk. Sob seu domínio na Pérsia nasceu a cultura Turco-Persa, resultado da grande assimilação mútua entre as etnias; além de Turco e Iraniano, falava-se o Árabe desde que a Pérsia entrara na esfera do mundo Muçulmano séculos antes. Com seu apogeu territorial varrendo da Anatólia até a Ásia Central, em 1092 os Seljuk viram seu império dividido pela lutra entre sucessores de Malikshah I; por exemplo, Arslan I fundou o Sultanato de Rum (alusão à Roma) na Anatólia, que existiu de 1077 a 1299. Pelas disputas internas, o império Seljuk se tornou presa fácil da primeira cruzada que reconquistou Jerusalem em 1099; a segunda cruzada em 1147 trouxe-lhe maiores subdivisões e conflitos internos e precipitaram o fim de seu império, em 1194. Apenas o Sultanato de Rum restou. À mesma época expandia-se pela Ásia o império Mongol de Gengis Khan (nascido Temujin), que foi capaz de unir as tribos da Ásia Central. Sob sua liderança (de 1206 até a morte em 1227) e a de seu filho Ogedei Khan nas décadas seguintes, os Mongóis erigiram o maior império em terras contíguas da história, do leste Europeu à China, que perdurou de 1206 a 1370. Após a morte de Genghis Khan o império Mongol foi dividido em kanatos distribuídos entre seus filhos e netos. Embora os Seljuk em Rum tenham resistido às cruzadas, não resistiram aos Mongóis que conquistaram toda a Anatólia em 1260, tornando-a um kanato; o Sultanato de Rum foi partilhado em Emirados governados por um Seljuk obediente aos Mongóis.

(continua...)

This entry was posted on quinta-feira, julho 29, 2010 at 9:06 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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