Ankara, ponto de partida da última e mais incerta etapa da aventura  

Posted by carlos in

Pelas razões mencionadas no post anterior ainda na Estônia, vim parar em Ankara com um vôo a partir dos Bálticos, depois de rápida escala em Istambul que já havia visitado anteriormente. As coisas começaram bem pois eu não consegui achar o hostel (são raros aqui) e, exausto caminhando com a mochila pesada, acabei desistindo e achando uma espelunca barata mesmo. Fui até a capital com a missão de conseguir o visto Sírio, o que me tomou muito tempo em vão e acabei por conhecer apenas alguns pontos essenciais da capital.

Ankara é a capital e segunda maior cidade da Turquia, depois de Istambul da qual dista cerca de 350 km. São quase 4 milhões de habitantes nessa região central da Anatólia. Seu centro antigo fica em uma colina de privilegiada panorâmica, com ruínas e monumentos de sua história milenar; de fato, descer ao Oriente Médio a partir da Anatólia é um mergulho contínuo em um passado muito mais longínquo do que experimentara até então pela Europa. Habitada desde o século XIII AC pelos Hititas, a atual Ankara passou por forte presença de Frígios, Lídios, Persas, Gregos, Macedônios, Celtas, Romanos, Bizantinos, e finalmente Turcos Seljuk em 1071; em sua área emergiu o Sultanato de Rum, que deu origem a dinastia Otomana em 1299.

Entre os séculos IV-V a cidade e toda Anatólia passou por relativa cristianização dada sua proximidade com Constantinopla (atual Istambul), que se tornara capital de Roma Oriental (império Bizantino); foi por essa época que surgiram muitas das fabulosas cidades subterrâneas usadas como refúgio por cristãos perseguidos, que vim a conhecer mais tarde. Foi em 1071 que os Turcos Seljuk conquistaram a Anatólia e anexaram Ankara; da invasão Mongol no século XII surgiu o Sultanato de Rum, de onde nasceu a dinastia Osman em 1299, ano que marca o início do império Otomano que já em 1453 conquistaria Constantinopla, e de lá partiria para espalhar o Islamismo por uma Europa até então Cristã; todo esse processo histórico está detalhado nos posts iniciais de Istambul. Após a derrota do império Otomano na primeira guerra mundial, a secular Turquia surgiu ao mundo e seu idealizador, Ataturk, já em 1923 deslocou a capital do novo país de Istambul para Ankara.

Desde então a cidade cresceu como poucas. Em 1923 ela possuía cerca de 35 mil moradores, ou seja, sua população aumentou quase 100 vezes em menos de 100 anos. Surgiram óbvios problemas de infraestrutura, além de uma constante tensão entre moradores mais ´modernos` e moradores que migraram de áreas rurais, em geral mais apegados à antigos costumes e tradições religiosas; não é difícil de se perceber pelas diferentes partes da cidade o predomínio ora de uns, ora de outros, com o uso do véu feminino refletindo esse fato. Com a súbita ascenção da cidade acabaram se formando duas partes distintas, uma mais antiga (distrito Ulus, onde ficam a colina e o centro antigo), com ruas estreitas e prédios variados de estilos Romano, Bizantino e Otomano, e outra mais nova (distrito Yenisehir, onde ficam os prédios administrativos), subdividida em vários bairros, com ruas mais largas, arranha-céus, teatros, shoppings, hotéis, embaixadas.

Em Ulus destacam-se o Museu das Civilizações Anatolianas fundado em 1921 por Ataturk, um dos mais ricos do planeta, que fica ao lado do castelo-citadela de Ankara, a construção mais antiga da cidade erigida pelos Celtas Galacianos em tempos pré-cristãos e remodelada por Romanos, Bizantinos e Turcos Seljuk; o mausoléu de Ataturk; o Templo de Augusto e Roma (ano 20 AC quando da conquista Romana); e inúmeras mesquitas Seljuk (século XII) e Otomanas (século XV).

Já por Yenisehir e imediações, onde existem muitas áreas verdes e parques incluindo-se o central Jardim Botânico, imperdíveis são a mesquita Kocatepe, a maior da cidade e uma das maiores do mundo concluída em 1987 no bairro Kizilay, o coração da Ankara moderna; e Cankaya Köşkü, o gigantesco complexo onde se localiza o palácio presidencial no bairro Cankaya, mesmo bairro da Torre Atakule com sua visão panorâmica.

Como escrito acima, toda a Anatólia já é por si só um mergulho milenar na história. Por exemplo, há cerca de 70 km ao sudoeste de Ankara ficam as ruínas de Gordion, a capital Frígia do lendário rei Midas, na estrada que ligava a Lídia à Assíria e Babilônia e que não fui conhecer. Mito ou fato, foi em seu templo que Alexandre o Grande cortou o Nó Górdio em 334 AC e partiu para conquistar a Ásia. Mas é hora de fotos!

AVISO: Ankara é a sexta cidade cujas fotos se perderam no assalto que sofri em Jerusalém (detalhes no post daquela cidade, posterior); perdi um mês de fotos sem backup. Para não ficar só na descrição, seguem abaixo alguns links da net, fotos de terceiros.

http://search.pbase.com/search?q=Ankara
http://www.galenfrysinger.com/ankara_turkey.htm

http://photos.igougo.com/pictures-l503-Ankara_photos.html
http://www.tripadvisor.co.uk/LocationPhotos-g298656-Ankara.html
http://www.trekearth.com/gallery/Middle_East/Turkey/Central_Anatolia/Ankara/



A Turquia é gigante e diversa; vários povos da Antiguidade puseram seus pés no território Turco. Muitas eram as cidades que adoraria ter visitado, como Izmir no mar Egeu, Trabzon no mar Negro, Alanya no mar Mediterrâneo, e algum povoado na fronteira com Irã e Iraque, mas tinha que escolher apenas uma parada e não poderia deixar de ser Goreme, na Capadócia, ao sudeste de Ankara e já em direção a Síria onde iria tentar a sorte em tirar o visto na fronteira, pois o consulado Sírio em Ankara não o forneceu para mim, terminando melhor o que começara bem na capital Turca.

Mas vamos primeiro à inacreditável Goreme!

This entry was posted on segunda-feira, agosto 09, 2010 at 9:28 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

0 comments

Postar um comentário

Postar um comentário