Jordânia, sua monarquia entre Árabes e Israelenses  

Posted by carlos in

Com a van-lotação de Beirute, após passar pela Síria, cheguei na Jordânia. Logo à entrada o verniz do posto de imigração é bem diferente, como se querendo passar um aspecto mais moderno do país; também não houve problemas para conseguir o visto, foi pagar e pegar. O melhor é que você pode ir de Amã a Jerusalém (cerca de 75 km a oeste) e no retorno não precisa pagar outro visto; e também não se paga para sair da Jordânia. Na mesma van havia um Belga que morava em Amã, e aí ficou fácil rachar um táxi da rodoviária ao centro onde o cara me guiou ao hotel que procurava, este aqui, barato e muito amigável.

Os cerca de 6.4 milhões de Jordanianos, 92% Sunitas, vivem em um país que tem a oeste o Mar Morto cobrindo parte de sua fronteira com Israel, enquanto o deserto Árabe cobre boa parte do resto do país; terra da lendária Petra e do quase lunar vale de Wadi Rum, ambos no sul. As primeiras civilizações em seu território foram os Cananeus; depois, Acádios, Assírios, Babilônios, Persas, Egípcios, Macedônios, Gregos, Romanos, Bizantinos e Turcos. Mas certamente a mais famosa delas foram os Nabateus, que construíram Petra. Já a capital Amã floresceu no período Greco-Romano.

Assim como em seus vizinhos, o domínio Árabe-Islâmico se instalou no país desde o século VII e os Otomanos o conquistaram em 1516. Com o fim do império Otomano na primeira guerra mundial, o país entrou junto com a Palestina no mandato Britânico depois da partilha do Oriente Médio entre Inglaterra e França (tratado Sykes-Picot). A independência veio em 1946 quando Abdullah I, que governava durante o mandato Inglês desde 1921 a então Transjordânia, foi proclamado o primeiro dos reis Hashemitas; em 1950 ele veio a anexar a Cisjordânia (o lado oeste do Mar Morto, habitado pelos Palestinos) pouco após a criação do estado de Israel. Seu neto Hussein I reinou de 1953 até a morte em 1999, quando o filho de Hussein I se tornou o atual rei Abdullah II.

São essas coisas curiosas da vida. A Síria tem sido governada por presidentes de um partido único desde 1970, da mesma família; a Jordânia e sua monarquia por reis da mesma família, desde 1946. Ambos são majoritariamente Sunitas. O primeiro é mais fechado e menos simpático ao ocidente, onde traços ocidentais sao raríssimos. O segundo é o país do Oriente Médio com maiores laços com EUA, Europa e Israel, e procura disseminar uma aparência mais moderna.

A Jordânia perdeu a Cisjordânia (West Bank e Jerusalém Oriental) para Israel na guerra de 1967; desde então Israel ocupa essa área ilegalmente, pouco se importando com resoluções da ONU por ter sempre o apoio irrestrito dos EUA. Israel continua a ferro e fogo sua política de colônias e de aumento demográfico Judeu no seio Palestino, cujos moradores continuam sendo realocados e impedidos de construir casas novas em sua própria terra; por outro lado, o estado Judeu incentiva a massiva emigração de Israelenses, fornecendo terras 'disponíveis' a quem se interessar. Há cerca de 2 milhões de refugiados Palestinos na Jordânia, grande parte em campos de refugiados. Embora a maioria tenha cidadania Jordaniana, recentemente o país deixou de conceder cidadania automática a esses refugiados, o que complicou ainda mais a situação deles; vale lembrar que, sob a ocupação, os Palestinos também não têm direito automático à cidadania Israelense (a não ser que sirvam no exército...). Ou seja, hoje há Palestinos simplesmente apátridas, que não são cidadãos de lugar algum.

Mas passemos a Amã no próximo post.

This entry was posted on sábado, agosto 14, 2010 at 6:45 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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