Tallinn, o mais preservado dos centros medievais  

Posted by carlos in

Cheguei na pequena Tallinn, capital e maior cidade da pequena Estônia, com o ônibus de Riga e lá fiquei neste albergue. Ela ocupa uma área de 160 km^2 e tem apenas 400 mil habitantes, 39% Russos; sua população diminuiu cerca de 20% após o fim do Comunismo. Encravada à margem sul do Golfo da Finlândia, dista apenas 80 km de Helsinque; esse Golfo começa em São Petersburgo na Rússia e se prolonga até mergulhar no Báltico, o que atesta a posição estratégica privilegiada do porto de Tallinn.

Sua história tem momentos semelhantes aos da capital vizinha ao sul, Riga (veja post inicial da Letônia). No século XI ela já possuia um forte, antes que os Dinamarqueses a tomassem em 1219. Em 1285 Tallinn já integrava a Liga Hanseática, época em que o cristianismo já era imposto aos seus moradores e o castelo Toompea foi construído na colina que abrigava o forte, até que em 1386 os cruzados Alemães da Ordem Teutônica a compraram dos Dinamarqueses. Com a Reforma Protestante os Alemães a converteram ao Luteranismo, e em 1561 os Suecos a conquistaram. Em 1710 os Russos a tomaram dos Suecos, assim como fizeram com o resto da Estônia e a Livônia. O século XIX viu maior industrialização e Russificação da cidade. Entre a independência Estoniana ao fim da primeira guerra e o fim da segunda guerra, Tallinn mudou de mãos entre Alemães e Soviéticos até se tornar a capital da nova república Soviética Estoniana em 1944. A independência só veio após o fim do Comunismo nos anos 90, quando sua demografia já se alterara bastante conforme acontecera em todo Báltico.

Saindo para enfrentar o frio e conhecer a cidade, antes de ir ao centro,
os principais distritos são Pirita, que possui praias de areia mas não me parecia uma boa idéia cair na ´água` à época, e Lasnamae, que abriga cerca de um terço da população, 60% Russos e nem todos possuidores de cidadania Estoniana por não quererem aprender e falar a língua local. Mas é no distrito Kesklinn que ficam o centro atual e o centro histórico, vizinhos entre si e próximos ao porto. No centro atual, arranha-céus e largas avenidas, o Teatro Nacional e a Biblioteca nacional, o KUMU (maior museus dos Bálticos), e o belo Palácio Kadriorg, antiga morada de Catarina I da Rússia, esposa de Pedro O Grande.

Já o medieval centro histórico, mais outro sítio da Unesco, tem duas partes: a colina Toompea e a cidade antiga, que no passado não se conectavam. Na colina, fica o Castelo Toompea, morada das aristocracias invasoras (Dinarmaquesa, Teutônica-Alemã, Sueca, Russa) e testemunha de todas as fases históricas pelas quais a Estônia (e a Livônia enquanto existiu) passou; o primeiro forte no local data de 1050, ainda em tempos pagãos. Também no complexo do Castelo fica a Torre Herman e as ruínas dos muros da cidade, erguidos pelos Teutônicos com novas torres adicionadas pelos demais conquistadores. O castelo hoje abriga a sede do parlamento e o palácio da presidência; nas suas vizinhanças, a catedral Toomkirik do século XII e tornada Luterana em 1561, e a bela catedral ortodoxa Alexander Nevsky (1900), símbolo dos tempos da ocupação Russa dentre a maioria Luterana, além de inúmeras embaixadas. Pela lateral do castelo, hoje conectado à cidade baixa por algumas passagens pitorescas, há vários pontos com visão panorâmica bem legais, possível de se ver até o Golfo.

Abaixo e ao lado da colina fica a cidade antiga, morada dos cidadãos comuns e mercadores, que se formou junto à liga Hanseática. Foi só com o surgimento de mais povoados ao sul, na direção oposta ao Golfo, que mais Estonianos vieram a morar na cidade, aos poucos tornando-se maioria. De toda sua arquitetura, destacam-se a igreja de São Olavo (1549), a igreja de São Nicolas (1275), e o mixto barroco-neoclássico ao redor da pitoresca praça central do town hall (1322), sempre com algum evento rolando. Os bares/restaurantes do centro antigo tem uma bacaníssima ´decoracao` medieval, com música típica tocada em instrumentos de época; foram dos bares mais decentes que conheci. Também obrigatório é se perder pelas ruelas e becos com seus vários ateliês e galerias, principalmente perto da Passagem de Catarina. Como nota, 20 das 66 torres originais da cidade ainda restam imponentes.

AVISO: Tallinn é a quinta cidade cujas fotos se perderam no assalto que sofri em Jerusalém (detalhes no post daquela cidade, posterior); perdi um mês de fotos sem backup. Para não ficar só na descrição, seguem abaixo alguns links da net, fotos de terceiros.

http://www.tourism.tallinn.ee/fpage/explore/attractions/az
http://www.oldtallinn.com/
http://www.tripadvisor.co.uk/LocationPhotos-g274952-Estonia.html
http://photos.igougo.com/pictures-l630-Tallinn_photos.html
http://www.galenfrysinger.com/estonia_tallinn.htm



Todas as três capitais Bálticas são bem interessantes de se conhecer por alguns dias, mas confesso que Tallinn foi a que me seduziu mais. Era hora de tomar uma drástica decisão quanto aos novos rumos a se tomar ao sair da Estônia. No próximo post eu explico o problema.

This entry was posted on segunda-feira, agosto 09, 2010 at 6:30 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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