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jul

Belgrado, a capital mais moderna dos Balcans  

Posted by carlos in

Belgrado é a terceira maior cidade do sudeste europeu, depois de Istambul e Atenas, e abriga 25 % da população da Sérvia, que possui 84% de ortodoxos excetuando-se Kosovo, cuja extrema maioria é Albanesa-Muçulmana. Depois de Celtas e Romanos, a área que hoje abriga as vizinhas Belgrado e Zemun foi conquistada pelo império Bizantino em 395. Fincada onde o rio Sava encontra o Danúbio, Belgrado chegou a ser a segunda principal cidade do império Otomano (após Constantinopla), depois de sua conquista em 1521. Stari Grad, seu centro histórico que abriga o imponente Forte Kalemegdan, fica à margem direita do Sava. O bairro de Nova Belgrado, construído à margem esquerda depois da segunda guerra mundial, acabou por uní-la a vizinha Zemun. Belgrado foi destruída total ou parcialmente inúmeras vezes pelos impérios que dela se apossaram no passado, e durante as duas grandes guerras; foi bombardeada em 1999 pela OTAN por causa da campanha Sérvia em Kosovo.

Belgrado possui um ar totalmente diverso, mais moderno e próximo de outras capitais européias, quando comparada às demais antigas ex-capitais Iugoslavas, que possuem um aspecto mais simples, por vezes quase interiorano; claro que isso é conseqüência de ela ter sido a capital Iugoslava durante sua existência, tendo desenvolvido mais infraestrutura e recebido mais investimento. Super famosa por sua vida noturna agitada, que não possui restrições de horário e bebida, e por ter uma enorme faixa de população jovem, que vem de todo o país à procura de estudo e trabalho.

Para um povo que já é naturalmente belíssimo, eu fiquei até chocado; de todas as cidades em que pus os pés, os habitantes de Belgrado são de longe os que mais se preocupam com imagem. Literalmente todo mundo, e ainda mais os jovens, se produz e se embeleza à perfeição mesmo no simples dia-a-dia; passou-me o aspecto de uma juventude super hedonista. Claro que os olhos agradecem por tanta beleza assim por onde quer que se mire, mas fico me perguntando o quanto de uma mentalidade nacionalista-´purista` poderia estar refletida nisto, lembrando que certas alas acadêmicas continuam a debater a noção de naturais direitos superiores dos Sérvios nos Balcans (espero que não mais entre militares, pelo menos). Mesmo aceitando que as novas gerações não devam carregar o ônus de guerras passadas, ao menos as escolas deveriam ensinar a ´verdade`, justamente para que o passado cruel e covarde que seu país patrocinou não se repita; é de se perguntar também como a região de Sprska, na Bósnia, é tratada nos livros-texto na Sérvia (para maiores detalhes, veja os posts sobre a Bósnia).

Mas havia me prometido que não deixaria pré-conceitos me guiarem. Talvez todo esse hedonismo seja uma reação natural, um exercício de auto-estima, de uma geração cujos pais passaram por razoáveis necessidades no isolamento vivido pelos anos 90. Relato a seguir algumas curiosidades que se passaram em Belgrado, a quem possa interessar... : tirar fotos de prédios importantes, como da presidência, é muito comum (penso eu); fiz isso por toda a viagem, mas em Belgrado tive a única experiência em que um soldado veio até mim, me fez mostrar a câmera e deletar na sua frente a foto que havia tirado; neste albergue em que fiquei, cujo pessoal é dos mais decentes e amigáveis que conheci na estrada, tão abertos e cheios de entusiasmo como a maioria da juventude local, fiquei sabendo que todos os hotéis e albergues são obrigados a reportar, pessoalmente e diariamente, a lista de hóspedes na polícia local, levando seus passaportes (não sei o que acontece se não o fizerem); muitas igrejas ortodoxas ostentam, dentro ou fora, a bandeira nacional (mas creio que não cantem o hino antes da missa).

Enfim fotos! O album abaixo mostra: igreja ortodoxa de St. Marko, erigida entre as duas guerras mundias; o Parlamento; Museu e Teatro Nacionais; Universidade de Belgrado; bulevares e a rua pedestre Prince Mihailo; e termina focando a impressionante Fortaleza Kalemegdan, origem da cidade e testemunha de todos os impérios e povoados que nela pisaram, com a linda visão do mergulho do rio Sava no Danúbio, e com o bairro Nova Belgrado à outra margem.



Neste segundo album: o mercadão; o templo de St. Sava, a maior igreja ortodoxa do mundo, em fase final de construção, dedicada ao fundador do ortodoxismo na Sérvia no século XIII; os edifícios bombardeados pela Otan em 1999, próximos à estação de trem; um passeio pela bela e pacata baía de Zemun, cidade que hoje se tornou um distrito de Belgrado; e termina com outro estupendo pôr-do-sol na ilha Ada Ciganlija, uma península criada no transcurso do rio Sava, e destino preferido dos habitantes no verão que há muito havia terminado.



Acabei me despedindo de Belgrado infelizmente sem ter visitado o mausoléu de Josip Broz Tito, podendo apenas torcer para que as novas gerações não embarquem em novas ondas ultra-nacionalistas. De volta à estrada (e a um trem, que não pegava desde a Itália), rumo sul a Montenegro.

This entry was posted on terça-feira, julho 20, 2010 at 12:38 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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