Istambul, simplesmente um outro mundo  

Posted by carlos in

Conhecer Istambul deveria ser obrigatório a todo ser ocidental. Mesmo depois de já ter vivenciado muito dessa atmosfera em cidades como Sarajevo e Skopje, chega a causar enorme espanto ver a imponência do que restou da era Otomana. É simplesmente um outro mundo. O centro antigo (distrito Fatih), localizado dentro das ruínas do que restou dos muros de Constantinopla, tomados em 1453 quando a Idade Média chegou ao fim; nele, o descomunal Palácio Topkaki dos sultões e as mesquitas estupendas na praça Sultanahmet. A parte mais moderna, que absolutamente em nada deve às grandes metrópoles européias. O Grande Bazar, onde se percebe o significado do comércio para esse povo e tenta-se imaginar como era à época das especiarias Orientais. Os diferentes bairros, onde é visível a diferenca entre os Turcos mais seculares e aqueles mais convencionais.

É preciso muito tempo para se explorar esse lugar, e dei um enorme azar pois choveu por quase toda minha estada, onde fiquei neste albergue, muito legal. De Atenas a Istambul, eu peguei o primeiro avião em cinco meses de estrada pois achei uma super promoção onde o preço era quase o mesmo que o do trem. Depois da introdução nos dois posts anteriores, nada muito a acrescentar à Bizâncio-Constantinopla-Istambul, a colônia grega fundada em 650 AC por Byzas que se tornou capital consecutiva de três impérios, Romano (330-395), Bizantino (395-1453), e Otomano (1453-1922), e desde então o coração da atual Turquia; foi ainda conquistada pela quarta cruzada, ficando sob domínio do chamado império Latino (1204-1261).

A localização estratégica da cidade, com o estreito de Bósforo a ligar Europa e Ásia, a fez testemunhar nascimento, apogeu e morte de impérios. Pelo estreito Oriente e Ocidente trafegaram, tendo o mar Negro ao norte e o mar de Mármara ao sul, que por sua vez se liga ao Egeu e ao Mediterrâneo pelo estreito de Dardanelos. Bósforo tem cerca de 30 km, com sua largura variando de 0.5 a 3.5 km, e vive abarrotado de barcos e balsas que fazem o transporte das pessoas entre os continentes; muita gente mora na Ásia e trabalha na Europa, já que Constantinopla de fato se localizava na parte Européia, que se tornou bem mais desenvolvida. Duas enormes pontes viárias de cerca de 1 km cada atravessam Bósforo, e suas águas banham o chamado Chifre Dourado, reentrância que cria uma pequena península no extremo sul do estreito, no lado Europeu, onde a cidade antiga existia cercada por 22 km de imensas muralhas. Elas foram erigidas por Constantino e reforçadas por Teodósio no século seguinte, além de outras adições com o decorrer dos séculos; com suas inúmeras torres e portões elas se estendiam do continente ao beira-mar. Mesmo após a queda de Constantinopla, o mais complexo sistema de fortificação da Antiguidade resistiu quase intacto até o século XIX quando porções da muralha foram removidas para permitir um crescimento menos desordenado dos bairros vizinhos.

O primeiro album foca na praça Sultanahmet, no distrito de Fatih, o coração do extinto mundo Otomano. Lá, o hoje museu Hagia Sophia defronta-se com a Mesquita do Sultão Ahmet, mais conhecida como Mesquita Azul, com seus seis minaretes construída em 1616; em geral, as mesquitas são o centro de um complexo chamado Külliye, em que também existem escola, hospital, banhos, caravanserai, e os mausoléus da família do Sultão e de seus sucessores imediatos (não, suas colegas de Harém não se hospedavam nos mausoléus, apenas a oficial). O Palácio Topkaki fica pouco atrás de Hagia Sophia, em direção ao Estreito. Concluída no ano 537 pelo imperador Justiniano, a Basílica de Hagia Sophia foi por quase 1000 anos o centro do Patriarcado de Constantinopla, a capital do mundo Ortodoxo Oriental (o Vaticano dos Bizantinos).

Foi nela que se oficializou o Cisma católico-ortodoxo em 1054. Logo após a queda de Constantinopla em 1453, Mehmed II a transformou em mesquita, e por quase 500 anos ela foi a principal mesquita Otomana. Ataturk a secularizou e a transformou em museu em 1935. A ousadia de Hagia Sophia é um dos maiores exemplos vivos da arquitetura Bizantina, tendo influenciado basílicas e mesquitas por toda a parte. Hoje, o Patriarcado Ortodoxo da Turquia é centrado na igreja de São Jorge, uma pequena construção neoclássica do sec XIX, enquanto inúmeras igrejas ortodoxas mundo afora tornaram-se autocéfalas (cada país tem seu patriarcado independente). O album termina com fotos do Arasta Bazar, próximo ao albergue, e das ruínas da muralha em sua parte à beira-mar com o que restou do Porphyrogenitus (século XIII), o único palácio sobrevivente Bizantino. Além da arquitetura impressionante, o que deixa o cidadão de boca aberta nessas mesquitas, mausoléus e palácios são a decoração e os azulejos interiores pelas paredes e domos; talvez as inúmeras fotos ilustrem esse fato!

This entry was posted on sexta-feira, julho 30, 2010 at 10:45 AM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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