Ohrid, berço da Ortodoxia e do alfabeto Eslavo  

Posted by carlos in

A estada na Macedônia, outro país que não sabíamos muito o que esperar, acabou se tornando a mais agradável de toda viagem. Fizemos vários amigos, e foi muito fácil se sentir parte do lugar. Embora um minúsculo país, cuja etnia é difícil definir como mencionado no post anterior, sua alma é muito marcante. Nossa primeira parada foi na cidade de Ohrid, outro sítio da Unesco com cerca de 45000 habitantes, à beira do lago de mesmo nome que se estende pela fronteira com a Albânia, 700m acima do nível do mar. Assim que descemos do taxi que nos trouxe da fronteira, fomos abordados por um senhor oferendo um quarto para ficar. Era um quarto num prédio residencial, próximo ao lago, bem decente, e acabamos topando a parada; infelizmente não tem um site na net.

No século IX, Ohrid se tornou o principal centro eclesiástico Ortodoxo do mundo Eslávico, com o alfabeto Cirílico tendo sido ali desenvolvido; muitos creditam a São Clemente, discípulo de Cyril e Methodius, os primeiros ensinamentos do alfabeto Eslavo no monastério que leva seu nome. As duas principais atrações da cidade são a Fortaleza Samuil, capital do Primeiro Império Búlgaro (681-1018) durante o reinado de Samuil I entre 997-1014, movida de Skopje; com sua morte, Bizâncio se apoderou de toda Bulgária, e Samuil é tido como herói defensor tanto de Búlgaros como de Macedônios. A outra atração é o sítio arqueológico de Plaosnik, que concentra as marcas dos outros impérios que por ali passaram (Bizantinos e Otomanos), como uma basílica cristã do século V e tumbas Otomanas. O principal ponto do sítio é o monastério de São Clemente, onde o mesmo está sepultado; construído em 893 na locação de uma antiga igreja católica, chegou a ser adaptado pelos Otomanos durante seu domínio, que se estendeu de fins do século XIV até 1912. Hoje restaurado, é o coração religioso dos Macedônios. Muitas escavações arqueológicas ainda estão em curso, com evidências a que a fortaleza tenha sido erigida sobre as ruínas de outro forte datado do século IV AC, no reinado de Felipe II da Macedônia.

Antes de nos metermos pela cidade, fomos subir a montanha Galicica, no parque nacional homônimo, bem próximo a Ohrid. A idéia era chegar ao topo, e de lá ter a visão dos dois lados da fronteira e de toda a beleza das montanhas ao redor do lago. Mas um fato inusitado ocorreu: quando ainda estávamos na trilha para o topo, sozinhos na floresta, ouvimos alguns disparos que pensamos ser de caçadores. Pouco depois, surge um jipe da patrulha de fronteira Macedônia, e os oficiais nos ordenam a retornar, dizendo que estávamos prester a entrar na Albânia e a fronteira era local perigoso por causa de Albaneses ilegais e coisas do tipo. Não houve argumento; tivemos que retornar, mas acreditando que os tiros eram mesmo de caçadores, e pensando que os comentários do cara eram só uma amostra do preconceito que ainda existe entre (parte das) duas etnias, reflexo dos conflitos do começo da década. Depois da descida forçada, ficamos na beira da estrada até conseguir carona ao povoado vizinho e continuar aproveitando a jornada. No fim do dia, retornamos a Ohrid, curtimos mais um pouco de sua música e percebemos como esses caras são amigáveis, o que se comprovou depois na capital; o duro foi pedir pro cidadão parar de nos pagar cervejas!
Esta nossa aventura abortada é o foco do primeiro album, que começa com as estupendas montanhas na viagem Albânia-Macedônia.



O segundo album é sobre a cidade em si. Rachamos um passeio de barco pelo lago, que nos deixou no retorno na praia Kaneo, onde fica a igreja de São João da qual só se sabe que foi construída antes da chegada dos Otomanos. De lá, subimos a colina até chegar aos vizinhos Fortaleza Samuil e sítio Plaosnik, de onde se tem bela visão do lago e da cidade, e por onde se chega ao centro antigo. No centro antigo há as ruínas de um teatro Grego do século II AC, o obrigatório bazar, e a igreja de Santa Sofia, também da época de Samuil.



Rachamos outro taxi para sair da bucólica e histórica Ohrid e chegar à vizinha Bitola, onde pegaríamos um trem rumo norte a capital, Skopje.

This entry was posted on quinta-feira, julho 22, 2010 at 10:58 AM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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