Beirute, cidade que teima em reviver das cinzas, parte II  

Posted by carlos in

(...continuação)

A diáspora fez haver mais Libaneses no exterior do que no próprio país. São atuais 4 milhões de habitantes no país, enquanto cerca de 11 milhões vivem no exterior, a maioria disparada no Brasil, 6 milhões, principalmente Sul e São Paulo. Sua história recente é tão marcada por essas guerras internas e invasões que nenhuma geração Libanesa sabe o que é viver em paz. Boa parte do centro de Beirute estava reconstruída quando eu estive por lá, menos de 4 anos após a selvageria covarde Israelense, mas isso se restringindo mais ao centro moderno, às margens do Mediterrâneo, morada de uma classe mais alta, de prédios do governo, e hoje abarrotado de estabelecimentos comerciais americanos e europeus. Em certas ruas mal se lembra que estamos no Oriente Médio, diversos prédios novinhos em folha com uma arquitetura fria e descaracterizada, ao menos para mim; mas como dizem, bem melhor assim do que com bombas caindo do céu. Afastando-se do litoral mergulhamos em uma Beirute mais real, que tem também muitos traços modernos ao lado dos tradicionais, e onde se vê ainda marcas de suas recentes guerras em prédios levemente esburacados ou completamente destruídos.

Sua cultura, arte, música, comida não me eram assim tão estranhos dada a enorme imersão Libanesa que há no Brasil e no Canadá, onde vivi e mantive boas amizades com alguns de seus descendentes. Há muito que nutro enorme admiração por esse povo e sua alma, sofrido e rica como poucos, e estava muito contente por ter me dado a oportunidade de conhecer um pouco do país. E realmente eu não me surpreendia com a enorme quantidade de pessoas que ficavam contentes quando eu falava que era Brasileiro, e que inevitavelmente falavam de algum parente que morava no Brasil, por vezes arriscando algumas palavras em Português; inclusive os donos do hotel disseram que em copa do mundo se reunem com os amigos para assistir e torcer pela seleção. Sinceramente acho que não damos o devido valor a essa gente calorosa em nosso próprio país. É difícil um forasteiro entender como essas gerações conseguem viver, conviver e superar seus traumas, sejam cristãos ou islâmicos, de costumes mais ocidentalizados ou mais tradicionais.

Beirute é naturalmente belíssima. Quase metade dos Libaneses vivem na capital, coração cultural e econômico do país, e a cidade religiosamente mais diversa de todo Oriente Médio. Seus pontos altos são o passeio pelo litoral, incluindo o Corniche, a Raouché e o bairro Hamra, a zona mais boêmia da cidade; estava louco para entrar no Mediterrâneo mas a chuva trouxe um frio infeliz por aqueles dias. Depois, ir conhecer a parte mais distante da costa e ter contato com o dia a dia mais real. Pela área mais reconstruída, no centro novo e nas proximidades das sedes governamentais, destacam-se a Torre do Relógio, a sede da ONU, o Parlamento Libanês, as ruínas do Forum Romano, e a suntuosa mesquita Al-Omari com seu domo azul, inicialmente do século XII. Pouco além fica o Grand Serail, um complexo que inclui palácio do presidente e sede do primeiro ministro, no topo de uma pequena colina, construído inicialmente como sede do poder Otomano; também valem uma visita a catedral Maronita de São Jorge e o Museu Nacional, localizado ao redor da antiga Linha Verde.

AVISO: Beirute é a décima cidade cujas fotos se perderam no assalto que sofri em Jerusalém
(detalhes no post daquela cidade, posterior); perdi um mês de fotos sem backup. Para não
ficar só na descrição, seguem abaixo alguns links da net, fotos de terceiros.

http://www.trekearth.com/search.php?phrase=beirut&type=&x=22&y=16
http://www.galenfrysinger.com/beirut.htm
http://www.tripadvisor.co.uk/LocationPhotos-g294005-Beirut.html



Ainda em Beirute queria conhecer outro destino próximo no pequeno país, para ir e voltar no mesmo dia. Acabei optando em sair do litoral e ir ao interior, em Baalbek, no próximo post.

This entry was posted on quinta-feira, agosto 12, 2010 at 4:49 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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