Bran, e o castelo-marketing de Drácula  

Posted by carlos in

A pequena Bran com seus 5 mil moradores e o castelo de Drácula se localizam na fronteira entre Transilvânia e Walachia, à cerca de 30 km de Brasov. Embora esse castelo seja apenas um dos que Vlad III usou em suas incursões contra os Otomanos na Transilvânia, ele é o lugar-alvo do marketing turístico desde a obra de Bram Stocker, que aliás jamais pôs os pés na região para escrever seu livro.

A primeira menção à Bran data de 1377, quando o rei Luis I da Hungria concedeu aos Saxões em Brasov o direito de construírem uma citadela ao redor do castelo. Ele foi usado pela primeira vez na defesa contra os Otomanos em 1378. Passou pelo domínio Otomano e depois caiu em mãos da dinastia dos Habsburgos. Em 1920 ele se tornou uma residência real da monarquia Romena, sendo a casa principal da Rainha Maria, e sendo depois herdado pela princesa Ileana. Com a tomada de poder Comunista, a monarquia foi expulsa e o castelo tomado. Com o fim do Comunismo e após muita polêmica acerca da devolução de propriedades aos antigos donos, o governo Romeno transferiu a posse do castelo ao herdeiro de Ileana, hoje um arquiteto residente em Nova York, Dominic von Habsburg. Em 2007 ele pôs o castelo à venda, mas em 2009 mudou de idéia e tornou-o um museu (talvez vá lucar mais com os tickets de entrada) que, além de usar o marketing de Drácula, exibe várias fotos e pertences da rainha Maria e de sua família. O castelo é na verdade bem simples; apenas na Romênia há muitos outros bem mais interessantes, sem dúvida.

O personagem Drácula de Bram Stocker é baseado no voivode da Walachia Vlad III O Empalador, que governou-a no século XV. Seu apelido veio de seus cruéis métodos de tortura empregados aos prisioneiros. Nascido em Sighisoara filho de Vlad II Dracul, este recebeu seu apelido por ser iniciado da Ordem dos Dragões, criada em 1408 pelo Rei da Hungria e posteriormente do Sacro Império Romano, Sigismundo I, para defender a Cristandade da ameaça Islâmica, e de quem Vlad II era vassalo. Os Romenos, que aliás acham muito tola toda a celeuma Ocidental em cima de um personagem sugador de sangue, preferem lembrar do governante (1448; 1456–1462; 1476) que tentou barrar a expansão Otomana que mais tarde viria a dominar todo Balcans e leste Europeu; lembremos que o Sultão Mehmed II tomou Constantinopla em 1453, enquanto Belgrado resistiu até 1521.

Em troca da manutenção do seu poder na Walachia, o próprio pai negociou Vlad III aos 11 anos de idade, que junto ao irmão Radu foram entregues aos Otomanos. Enquanto Radu se converteu ao Islã, sendo inclusive encarregado pelo próprio Mehmed II de liderar a conquista da Wallachia, Vlad III resistiu e foi severamente torturado, e em seus tempos captivos ele presenciou o uso do empalamento praticado pelos Otomanos em seus prisioneiros. Foi disso tudo que ele criou um ódio mortal aos Turcos, extendido aos Saxões de Brasov. Vlad III foi reconduzido ao poder, contando com muito suporte dos católicos que viam suas terras em ameaça, e chegou a fazer aliança com Matthias Corvinus que acabara de chegar ao trono Húngaro, mas que mais tarde o trairia e o entregaria aos Otomanos de novo. Foi morto em batalha em 1476, com sua cabeça enviada diretamente a Constantinopla para o deleite do Sultão, que queria estar certo de que o Empalador fora aniquilado.

O album abaixo mostra Bran e o castelo-marketing de Drácula, além da belíssima Poiana Brasov, um ski resort 1200 metros acima do nível do mar, a 12 km de Brasov.



De volta a Brasov, hora de arrumar a mochila; no dia seguinte faria outra longa viagem tomando o trem até Cracóvia, na Polônia, onde passaria o Ano Novo!

This entry was posted on quarta-feira, agosto 04, 2010 at 3:01 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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