Chegando em Brasov me mandei direto para o centro medieval, onde fiquei neste simpaticíssimo albergue aqui. Fui ao centro moderno em geral apenas quando precisava me locomover pela região. Na cidade moram cerca de 300 mil pessoas, as maiores minorias sendo 9% Húngaros e 1% Alemães.
Fiquei em Brasov muitos dias; era época de Natal, eu estava meio cansado e decidi ficar por aquela ultra-bucólica região sem me preocupar com datas e curtindo a pequena parte dos Cárpatos ao redor. Passar o natal com Drácula!

Os colonizadores que de fato alavancaram a Brasov medieval foram os Alemães; pelo século XII o Rei da Hungria, Géza II, que então dominava a Transilvânia, convidou os chamados Saxões da Transilvânia para colonizarem a área. Em 1211 o então Rei Andrew II convocou os cavaleiros Teutônicos (uma organização militar Alemã, católica, que assim como a Ordem dos Templários teve papel essencial nas Cruzadas) para defenderem os limites do católico império Húngaro, com Brasov a principal cidade da área; depois de 1225 os Teutônicos foram dispensados, mas os colonos e mercadores Alemães que eles trouxeram ficaram. Foi com a crescente influência dos Saxões em Brasov que a arquitetura local tomou a forma mantida até hoje, e os muros e torres de observação da cidade foram erigidos.

A influência Saxônica chegou a tal ponto que os Romenos não eram permitidos a cruzar os muros da cidade, e sua religião Ortodoxa também foi proibida. No século XIX no bairro Schei, onde os Romenos moravam (e o albergue ficava) às portas da cidade antiga, o Portão de Catarina era sua única entrada permitida, sob pedágio. Schei se tornou essencial na defesa e propagação da cultura Romena não só na cidade mas como em todo o país ainda em formação; foi nele que surgiu o primeiro jornal em língua Romena e a primeira instituição de ensino superior Romena, em 1838. A união da Transilvânia com o Reino da Romênia em 1918 foi apoiada mesmo pelos Saxões; porém, após a segunda guerra a população Alemã caiu drasticamente até seus atuais 1%.

No album a seguir, o centro medieval de Brasov, aos pés da montanha Tampa com seu letreiro à Hollywood. É de se destacar a gótica Igreja Negra (Biserica Neagra, 1477), que ganhou tal nome após um incêndo no século XVII provocado pelos Habsburgos invasores; a piata Sfatului, centro administrativo e ponto de mercadores desde o século XIV, que abrigava um mixto de canções natalinas e folclóricas à época; a catedral ortodoxa. O passeio pelas colinas circundantes, passando pela Torre Branca, fornece uma linda visão da cidade antiga (com a cidade moderna ao fundo) e das ruínas de suas muralhas; no topo de uma dessas colinas, o antigo forte-citadela de Brasov. Após o Portão de Catarina, entrando em Shei, a igreja ortodoxa de São Nícolas (1292, refeita em 1495) e a primeira escola Romena (1495, refeita em 1597), onde os primeiros documentos na língua Romena foram produzidos.



Saindo de Brasov fui visitar duas proximidades, o ski resort de Poiana Brasov e o povoado de Bran, onde fica o Castelo de Vlad III. Pelo caminho, os Cárpatos são um espetáculo à parte, principalmente as montanhas Bucegi e o vale Prahova.