Polônia, uma história de muito sofrimento  

Posted by carlos in

Como de costume ao entrar em novo país, um pouco de história antes do turismo.

Em seus mil anos a Polônia passou por fazes bem distintas; depois de suas dinastias iniciais, essa nação Eslava foi de o maior país Europeu no século XV à sua dissolução no século XVIII, teve seu mapa novamente redesenhado após a segunda guerra mundial, e desde o fim do Comunismo vem se reintegrando ao continente.

A tribo dos Polans foi a principal das tribos Eslavas que deu origem aos Poloneses, no centro da Europa. O ano de nascimento oficial de uma entidade Polonesa é 966, quando o rei Mieskko I, da dinastia Piast (966-1385), conseguiu impor certa união às tribos locais e as converteu ao Cristianismo católico, enquanto os Eslavos ao sul se tornavam Ortodoxos pela influência do Império Bizantino; nessa época os Judeus também começaram a se estabelecer. A dinastia Jagiellon (1385-1569) forjou em 1410 uma união com a vizinha Lituânia ao norte. Esse período viu certo florescimento da cultura Polonesa (nele surgiu Copérnico), que chegou inclusive a dominar reinos vizinhos como o Húngaro em 1490.

A época seguinte viu a consolidação da Liga Polônia-Lituânia (1569-1795), que em seu princípio presenciou a chamada época de ouro Polonesa. A Liga era controlada por um sistema de razoável liberalidade e tolerância religiosa em comparação aos seus vizinhos ocidentais; além disso, ela estava geograficamente mais além dos domínios Otomanos pela Europa. A Liga chegou ao ápice de sua expansão territorial entre 1619-1629, quando as atuais Estônia, Letônia, Bielo-Russia, Ucrânia e partes da Rússia foram conquistadas, o que a tornou à epoca o maior país de todo o continente.

Já em fins do século XVII a Liga começava a se enfraquecer; a revolta dos Cossacos na Ucrânia, descontentes com seu status na Liga e com o domínio Católico em suas terras Ortodoxas, os fez se aliar à Rússia que então iniciou a guerra Russo-Polonesa (1654-1677), terminando por tomar Ucrânia e Bielo-Russia da Liga. A Suécia aproveitou e tambéu invadiu a Liga ao norte (Guerras Deluge, 1655-1660) para retomar a parte Protestante do Báltico. Como resultado desse período, a Liga se encolheu, sua população caiu de 11 para 7 milhões, a tolerância religiosa entre católicos, ortodoxos, protestantes e os já numerosos judeus foi abalada, e a Rússia emergiu como uma nova potência no cenário Europeu.

O que sobrou da Liga ainda existiu até fins do século XVIII. Muito enfraquecida, ela foi simplesmente dissolvida e partilhada pelos seus poderosos vizinhos (Rússia, Prússia e Áustria) entre 1772 a 1795, ano em que a nação Polonesa simplesmente deixou de existir. Cidades sob controle Russo (que detinha Varsóvia e a maior fatia do território) e Prusso sofreram maiores privações, com confisco de propriedades de Poloneses, Russificação e Germanização de escolas e cultura; já os Austríacos permitiam em seus domínios uma maior participação Polonesa na vida política e a manutenção de sua cultura, de onde a cidade de Cracóvia surgiu como o grande centro difusor Polonês dessa época apátrida de 123 anos.

De 1795 a 1918 a diáspora Polonesa pela Europa tentava apoiar movimentos de independência em suas terras, influenciada pela onda nacionalista que varria o continente. Mas foi só com a derrota dos Austro-Húngaros e Alemães na primeira guerra mundial e com a revolução Russa de 1917 que a nação Polonesa pode voltar a existir; logo de cara ela teve que enfrentar uma guerra (1917-1919) contra os Soviéticos que não queriam perder seu antigo território Polonês.

No entanto a duração dessa independência (1918-1939) foi curta. Com a eclosão da segunda guerra a Alemanha Nazista invadiu o oeste Polonês em 1939, enquanto no mesmo ano os Soviéticos, pelo lado Aliado, invadiram o leste. Essa nova partilha durou até 1945, sendo a Polônia o país que perdeu maior porcentagem de população durante a segunda guerra, pois ela forneceu o quarto maior contingente de soldados aos Aliados depois de Soviéticos, Britânicos e Americanos (além dos milhões de Judeus exterminados por Hitler); foram 6 milhões de mortos, grande parte Judeus.

O fim da guerra viu nova redivisão de fronteiras e deslocamentos de populações, e o ressurgimento de uma nação independente mas totalmente dentro da esfera Soviética, situação que perdurou de 1945 a 1989 com o fim do Comunismo. Um dos fatos mais importantes desse período foi o surgimento do sindicato Solidariedade em Gdansk (Danzig para os Alemães), na costa Báltica, nos anos 80; Lech Walesa, então um eletricista em Gdansk, liderou o primeiro sindicato independente do mundo Soviético, que depois de sair da ilegalidade conseguiu a porção livre das cadeiras legislativas na eleição em 1989, constituindo assim o primeiro governo não totalmente Comunista do leste Europeu. Esse foi um movimento catalizador do fim do Comunismo naquele mesmo ano, e Walesa se tornou presidente nas eleições de 1990 quando a Polônia finalmente voltou a ser uma nação livre no sentido pleno da palavra.

A abertura econômica trouxe seus típicos problemas, alto desemprego, pobreza, corrupção, emigração em busca de melhores condições. Mas a Polônia se tornou na virada do milênio o primeiro país do antigo bloco Comunista a atingir indicadores econômicos iguais aos de antes. Em sua aproximação com o Ocidente, tornou-se membro da Uniao Européia em 2004 e desafortunadamente permitiu instalações militares Americanas em seu solo (para muito desconforto Russo).

Os atuais 38 milhões de habitantes, 96% Poloneses e 88% católicos, comunicam-se em sua própria língua no alfabeto Latino. Pelas diásporas de sua história, estima-se em 20 milhões o número de Poloneses no exterior; sua segunda maior comunidade fica em Curitiba, a primeira sendo Chicago. A maior parte dos Judeus que sobreviveram ao holocausto constituíram a maior fonte dos moradores no recém-criado estado de Israel.

De volta ao turismo no próximo post.

This entry was posted on quarta-feira, agosto 04, 2010 at 4:29 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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