Os Letões, assim como os Lituanos, também descendem das tribos Bálticas que residiam naquela região; suas duas respectivas línguas são as únicas remanescentes dos povos Bálticos. Outra tribo era a dos Livonianos, mais ao norte, mas esta de origem Fino-Úgrica completamente distinta; os Estonianos se originaram desta última, e são assim mais próximos aos Finlandeses do que aos vizinhos do sul.
Essas tribos foram as últimas tribos Pagãs de toda a Europa. Em 1193 o Papa Celestino III enviou Cruzados Alemães para cristianizarem a Livônia (os Cavaleiros da Espada, ramo da Ordem Teutônica), que ocupava os atuais norte da Letônia e sul da Estônia. Pelo século XIII a Livônia (1207-1561) foi conquistada pela Ordem Alemã e logo cristianizada; em 1282 a cidade de Riga foi incluída na Liga Hanseática que dominava o comércio pelos mares do Norte e Báltico. Em 1561 o sul da Livônia, que viria depois a constituir boa parte da Letônia, foi conquistado e anexado pela Liga Polônia-Lituânia (que já havia derrotado a Ordem Teutônica na batalha de Gunwald em 1410, veja posts iniciais daqueles dois países), enquanto o norte foi anexado pelo Ducado da Estônia, então possessão da Suécia; durante sua existência as terras da Livônia foram constantes motivos de lutas entre igreja, cruzados, liga Hanseática, e nobreza Alemã, os chamados Alemães Bálticos, que de fato foram os condutores dos negócios internos da região desde a chegada dos Teutônicos até serem expulsos séculos depois pelos Soviéticos.
As guerras com os Suecos e com os Russos pela supremacia dos Bálticos nos séculos XVII-XVIII acabaram pondo um fim à Liga Polônia-Lituânia, que acabou sendo partilhada. Inicialmente sob domínio Sueco, os Letões se viram com maiores direitos às custas da nobreza Alemã; o Protestantismo foi largamente assimilado, e os Suecos permitiram que os povoados locais continuassem a difusão de sua cultura e língua. A região sul, Courland, permaneceu mais católica pela proximidade com a Polônia. De todos os invasores de sua história, o domínio Sueco é tido como o menos ruim para os Letões.
No meio da Grande Guerra do Norte (1700-1721), a Suécia viu seu domínio esmaecer ao perder terreno para poderes vizinhos; a Rússia, que despontava no cenário internacional sob Pedro O Grande, em 1710 conquistou Estônia e Livônia, mas permitiu que as respectivas nobrezas Alemãs em Tallin e Riga, por terem apoiado a invasão Russa, mantivessem seus antigos privilégios desfazendo assim as reformas Suecas. Em 1795, com o fim e a partilha definitiva da Liga, a Letônia também foi tomada pela Rússia, que assim passou a dominar todo o Báltico. As guerras e a peste mataram cerca de metade dos Letões ao redor de 1710. O domínio Russo, de 1795 até o fim da primeira guerra mundial, implantou políticas de Russificação em todo Báltico; elas causaram a reação de um proletariado urbano que já se formara pelo século XIX, também descontente com os privilégios da aristocracia Alemã. Isso originou razoável onda nacionalista, capaz de produzir certa cultura Letã, mas abafada pela Russificação.
O fim da primeira guerra viu a atual Letônia devastada, e a revolução Russa de 1917 possibilitou o vácuo de poder para os nacionalistas proclamarem a independência em 1918, com Ulmanis o primeiro presidente do país. O período até a segunda guerra foi um tanto caótico, com as fronteiras Letãs e Estonianas não muito bem definidas. As reformas de Ulmanis, que chegou a implantar curta ditadura para forçar a Letanização das estruturas do país, diminuiu a porcentagem da população rural despossuída de 61% para 18%.
A segunda guerra trouxe o pacto de divisão da Polônia entre Nazistas e Soviéticos, que reteram os países Bálticos; em 1939, os Alemães Bálticos foram realocados para a Alemanha, com a qual já nem possuíam quaisquer laços. Em 1940, a Letônia se tornava enfim outra república Soviética; os Nazistas ainda a invadiram até que os Soviéticos a reconquistassem ao fim da segunda guerra, que viu cerca de 200 mil Letões mortos, um terço Judeus. A ocupação Soviética promoveu nova e forte Russificação pelos países Bálticos e a Letônia, assim como os demais países, viu sua fração da população diminuir tanto pela imigração Russa quanto pelos cidadãos fugidos ou deportados à Sibéria. No fim dos anos 80 os países Bálticos receberam maior autonomia com as reformas de Gorbachev, até que em 1990 a Letônia proclamou sua independência após o fim do Comunismo. Porém, tropas russas ocuparam a capital Riga até 1993.
A Letônia se juntou a União Européia em 2004 se distanciando definitavamente do antigo invasor. Após anos de razoável crescimento, sua economia foi drasticamente afetada pela crise recente em 2008. De uma história multiétnica acabou vendo as parcelas da população Polonesa, Alemã e Judia reduzidas à quase zero. Restou certa tensão entre a enorme minoria Russa (30%) e os Letões (60%) no seio dos atuais 2.2 milhões de habitantes; em certas cidades os Letoes são minoria, como acontece em sua própria capital. Russos que imigraram durante a ocupação Soviética não tiveram direito automático à cidadania, apenas seus filhos nascidos após o fim da ocupação. Por outro lado, muitas comunidades Russófonas se recusaram a aceitar e aprender o idioma Letão (condição para adquirirem cidadania), sendo que o Russo é falado por praticamente todos que cresceram antes dos anos 90. A religião é mais dividida: 25% Protestantes, 25% Católicos, 15% Ortodoxos. Língua e cultura Livona, quase extintas, foram protegidas pela Letônia; hoje, 176 pessoas se dizem descendentes Livonos no país.
Voltemos ao turismo no próximo post.
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on quinta-feira, agosto 05, 2010
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35_Letônia_1_Riga
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