Riga, outra pacata capital dos Bálticos  

Posted by carlos in

Riga, capital e maior cidade Letã, onde fiquei neste hostel, é uma cidade bem plana às margens do Rio Daugava, em sua desembocadura no Mar Báltico e que estava todo congelado quando eu estive por lá; seu centro histórico é outro sítio da Unesco, que também considera o centro moderno um dos maiores expoentes de Art Nouveau do mundo. Sua localização estratégica fez com que seu porto, desde os primeiros povoados Livonos, fosse largamente utilizado por Vikings e depois por Alemães. Pelo rio Daugava os primeiros Cruzados entraram na Livônia no século XII na tentativa de cristianizarem seus povoados (leia-se: conquistarem suas terras); foram mortos.

Em 1201 o Papa Inocente III interviu diretamente e enviou expedições mais fortes para lidar com aqueles ´bárbaros pecadores`. Bispo Alberto foi o encarregado de liderar a cristianização Livona e de proteger os negócios da aristrocracia Alemã que apoiava os cruzados da sua Ordem Teutônica; ele morreu em 1229, tendo lançado a semente que pariu o domínio dos Alemães Bálticos na região, em que os nativos supriram essa aristocracia intrusa pelos sete séculos seguintes até que os Soviéticos os expulsassem (veja post anterior).

Em 1282 Riga se juntou aos Hanseáticos fundamentando o comércio por seu porto. Após o enfraquecimento de Hansa, Riga aceitou a Reforma Protestante em 1522, o que aboliu o poder dos Arcebispos e, com a queda da Ordem Teutônica, a cidade entrou na Liga Polônia-Lituânia em 1581. Com as guerras que assolaram essa Liga, Riga caiu em domínio Sueco e depois Russo em 1710, o qual perdurou até a primeira guerra mundial. Mas por todo esse tempo, era a aristocracia Alemã que controlava os negócios, com Alemães perfazendo 42% de seus moradores em 1867.

Após a independência do país em 1918, e até o fim da segunda guerra mundial, seguiram-se os domínios Alemão e Soviético, não apenas em Riga mas por todo o Báltico. Com a derrota Nazista, Riga se tornou a capital da nova república Soviética da Letônia; os Soviéticos expulsaram os Alemães Bálticos, deportaram Letões rebeldes e imigraram Russos. Riga continuou como capital após o fim do Comunismo, mas sua demografia mudou drasticamente. Hoje, são 42% Letões, 41% Russos, 4% Bielo-Russos e 4% Ucranianos, ou seja, os Letões ainda não são maioria em sua própria capital. Após certa estabilização depois dos problemas iniciais da abertura econômica, Riga também sentiu fortemente os efeitos da recessão de 2008.

O legal dessas capitais Bálticas é que você tem a sensação de estar em uma cidade interiorana, tão pacatas são elas e tão amigáveis seus moradores. Dividindo o centro antigo do centro moderno fica o parque Bastejkalns com seu Monumento à Liberdade, tudo se estendendo pelo lado leste do Daugava; enormes pontes conectam com o lado oeste do rio, onde fica o distrito de Pardaugava, uma área mais recente da cidade. Pelo centro moderno chamam a atenção os belos Teatro Nacional, Museu Nacional e Ópera Nacional, a catedral ortodoxa Natividade de Cristo e a Universidade da Letônia, além do gigantesco e imperdível mercadão central à saída da rodoviária.

Já o centro histórico Vecriga (na maioria de suas ruas apenas pedestres circulam) com sua arquitetura característica testemunhou todos os períodos da conturbada história Letã. Seus destaques são: a medieval Catedral Protestante de Riga, erigida inicialmente pelo Bispo Alberto em 1211 e refeita inúmeras vezes; a igreja de São Pedro, de 1209 e também refeita pelos séculos; o Castelo de Riga, às margens do Dargauva, fundado em 1330 e retocado por Poloneses, Suecos e Russos quando de suas conquistas, e que hoje hospeda a presidência do país e alguns museus; o Museu das Ocupações e a vizinha e pitoresca Casa dos Blackheads (originalmente de 1344), ambos na praça prefeitura, de lá saindo para se esquentar num café pelas ruelas medievais; o Portão Sueco e o que restou dos muros da cidade antiga; a Torre da Pólvora, outra relíquia do século XIV.

AVISO: Riga é a quarta cidade cujas fotos se perderam no assalto que sofri em Jerusalém (detalhes no post daquela cidade, posterior); perdi um mês de fotos sem backup. Para não ficar só na descrição, seguem abaixo alguns links da net, fotos de terceiros.


http://photos.igougo.com/pictures-l605-Riga_photos.html

http://www.tripfoto.com/riga/riga-old-town/riga-old-town.html
http://www.tripfoto.com/riga/riga-city-centre/riga-city-centre.html
http://www.galenfrysinger.com/riga_latvia.htm
http://www.tripadvisor.co.uk/LocationPhotos-g274967-Riga.html



Seguindo esse banho medieval pelos Bálticos, era hora de pegar outro ônibus agora rumando ao último dos três países, a Estônia, de cultura bem diversa dos seus dois vizinhos ao sul. E em janeiro tão congelante quanto eles!

This entry was posted on quinta-feira, agosto 05, 2010 at 8:33 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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