Romênia, o único país Latino do leste Europeu  

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(...continuação)

Foi só em 1918 após o fim da primeira guerra mundial, com a derrota conjunta de Otomanos e Austro-Húngaros, que a maioria Romena (Ortodoxa) da população da Transilvânia conseguiu fazer com que ela se unisse aos outros dois principados constituintes do Reino da Romênia, apesar de uma enorme minoria Húngara (Católica), cerca de 1.5 milhão de pessoas, ter sido englobada em suas fronteiras à oeste.
À mesma época, após a Revolução Russa de 1917, aquela parte leste da Moldávia cedida em 1878 proclama-se independente da Rússia e forma a República Moldova, a qual decide se reagrupar à Romênia. A Romênia chegava assim ao ápice de seu território, após seus habitantes terem passado quase todo século XIX sob inúmeras privações, quando eram praticamente cidadãos de segunda categoria em sua própria terra dominada por Austro-Húngaros e Otomanos; em Brasov, dominada por uma aristocracia Alemã, os Romenos não podiam sequer cruzar os muros da cidade para nela residir.

Apesar de inicialmente neutra na segunda guerra mundial, a pressão de ambos os lados conflitantes causou muita instabilidade na Romênia, o que veio a resultar na queda da monarquia e no estabelecimento de uma ditadura militar, com Antonescu, que se aliou aos Nazistas contra a Rússia. Além de muito contribuir ao extermínio de judeus e ciganos, Antonescu acabou invadindo a capital Moldova (Chisinau) em 1941, que já havia caído em domínio Russo. No fim da guerra o rei Michael I, da dinastia de Carol I, conseguir depor Antonescu e se juntou aos Aliados em 1944; mesmo assim a Romênia acabou perdendo a República Moldova para a Rússia nos acordos do fim da guerra.

Em 1947 os Comunistas conseguem extinguir a monarquia e a Romênia entra na esfera de influência Soviética; por cerca de 15 anos a repressão Soviética tomou contornos brutais. Em 1965 chega ao poder Ceausescu, que consegue diminuir um pouco da influencia Soviética, sendo a Romênia o único país do Bloco Comunista a condenar a invasão Soviética à Tchecoslováquia em 1968. Sua inicial aceitação popular aos poucos deu lugar a um crescente descontentamento por conta de suas políticas que trouxeram enorme empobrecimento à economia e ao povo, enquanto paralelamente Ceausescu alardeava o culto à sua personalidade e construía a monumental e luxuosa sede de seu governo, a maior do mundo depois do Pentágono.

O descontentamento era tamanho que, com a queda do Comunismo, Ceausescu foi o único ex-ditador a ser assassinado em 1989. Um estudo recente estima em cerca de 2 milhões as vítimas de seu regime. Nas duas décadas após a abertura, o país se aproximou do Ocidente até se tornar parte da União Européia em 2007. Porém, as duras condições econômicas que o país tem tido que enfrentar, e a enorme corrupção (a segunda maior da União) que se instalou nesse novo mercado capitalista fez com que cerca de 2 milhões de Romenos frustados deixassem o país na chamada diáspora Romena.

Logo após o fim do Comunismo houve um movimento em prol da reunificação de Moldova com Romênia por conta de suas óbvias histórias em comum, além de língua e religião. Isso acabou não se concretizando e, ainda em 1991, Moldova proclamou independência da Rússia. É de se adicionar o fato de que a parte oriental de Moldova, a região de Transnistria cuja capital é Tiraspol, considera-se independente e de fato o governo Moldovês não controla aquela área, onde Russos e Ucranianos são maioria.

Minha intenção era também conhecer Moldova que, assim como Ucrânia e Bielo-Rússia, exigem visto a Brasileiros. Tentei tirá-lo em Bucareste, mas o consulado Moldovês não facilitou e assim tive que riscar o primeiro país de minha lista. Infelizmente, o mesmo aconteceria depois com Ucrânia e Bielo-Rússia, outros dois países que não pude conhecer mesmo estando ao lado; a não ser que pagasse uma taxa astronômica para conseguir um visto expresso o que, ainda mais depois do golpe sofrido na Turquia, eu não estava a fim de fazer. Apenas relembrando, o único país em todo o continente em que havia precisado de visto até então foi a Sérvia, mas ao menos esse eu consegui tirar no mesmo dia, sem pagar mais por isso, no consulado Sérvio na Bósnia.

Dos cerca de 22 milhões de habitantes atuais, 10% vivendo na capital, 90% são Romenos étnicos e 88% professam a Ortodoxia; as maiores minorias são Húngaros (6%) e Ciganos (3%), além dos Alemães que restaram de sua antiga presença na Transilvânia. O idioma Romeno se manteve, com a cultura sofrendo influências daqueles que se alojaram no país depois dos Romanos, como Eslavos, Húngaros, Bizantinos, Otomanos, Russos e Alemães. O alfabeto sempre foi o Latino; apenas nos 50 anos de domínio Russo na Moldova ele lá passou a ser o Cirílico.

Vamos às fotos! A capital Bucareste e a região de Brasov, suposto lar Draculeano.

This entry was posted on segunda-feira, agosto 02, 2010 at 3:26 PM and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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